Drex: BC identifica obstáculos em privacidade e monitoramento

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O Banco Central (BC) divulgou um relatório sobre a primeira fase do projeto-piloto do Drex, a versão digital do real. O documento revela desafios relacionados à privacidade, à proteção de dados e à fiscalização da autoridade monetária. A tecnologia blockchain, utilizada na estrutura da moeda digital, impõe barreiras ao monitoramento e à segurança das transações, exigindo soluções avançadas para garantir a conformidade regulatória.

Desafios de privacidade e monitoramento

De acordo com o BC, as soluções testadas para preservar o anonimato das transações ainda apresentam limitações. Entre as abordagens avaliadas estão a prova de conhecimento zero (ZKP), segregação de redes, computação confidencial e controle de acesso. No entanto, as duas últimas foram descartadas por não atenderem aos requisitos necessários.

O BC também testou ferramentas como Anonymous Zether (desenvolvida por J.P. Morgan e Consensys), Rayls (da Parfin) e Starlight (da EY). A ZKP Nova, da Microsoft, foi citada como solução adicional, mas ainda não passou por testes práticos.

Apesar dos avanços, a implementação dessas soluções resultou em dificuldades para a própria autoridade monetária monitorar o sistema. O uso de chaves criptográficas reduz a capacidade do BC de rastrear transações, identificar carteiras e bloquear recursos em casos previstos pela legislação.

O relatório enfatiza que a fiscalização é essencial para garantir a segurança do Drex e evitar fraudes. Sem a possibilidade de monitoramento adequado, o risco de atividades irregulares no sistema financeiro aumenta, comprometendo a integridade da moeda digital.

Avanços e resultados da primeira fase

Durante os testes iniciais, foram realizadas 420 operações de emissão de Drex no atacado, 450 transferências e 130 queimas (extinções) da moeda digital. O Drex de varejo, que será emitido por bancos para os clientes, também passou por testes com 1,9 mil emissões, 300 transferências intrabancárias, 1,6 mil transferências interbancárias e 1,7 mil queimas.

O BC considera que a participação dos 16 consórcios na fase inicial foi um sucesso. Contudo, reconhece que o projeto demanda um acompanhamento tecnológico maior do que o previsto, especialmente em relação à privacidade e segurança das transações.

Segunda fase e propostas avaliadas

Para a segunda fase do projeto, o BC recebeu 101 propostas de casos de uso para o Drex na iniciativa privada, das quais 50 foram selecionadas. Entretanto, essas propostas não serão incluídas nos testes neste momento. O foco continuará sendo resolver os desafios de privacidade e segurança antes de avançar para novos modelos de uso.

O BC reforça que a implementação do Drex só seguirá adiante se as soluções tecnológicas garantirem segurança e eficiência ao Sistema Financeiro Nacional e ao Sistema de Pagamentos Brasileiro. A colaboração entre reguladores, instituições financeiras, desenvolvedores e a comunidade acadêmica será fundamental para aprimorar a moeda digital.

Expectativas para o futuro

O desenvolvimento do Drex segue alinhado com tendências globais de digitalização de moedas fiduciárias. Classificado como uma Moeda Digital de Banco Central (CBDC, na sigla em inglês), o Drex terá seu valor atrelado ao real, evitando oscilações comuns em criptoativos.

A próxima fase do projeto será decisiva para definir a viabilidade do Drex como um meio de pagamento digital seguro e eficiente. O BC continuará monitorando os avanços tecnológicos e aprimorando as soluções testadas, buscando garantir a conformidade regulatória e a estabilidade da nova moeda digital.

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