A Petrobras divulgou seu balanço financeiro do 4º trimestre de 2024, apresentando um prejuízo de R$ 17 bilhões e uma distribuição de dividendos abaixo do esperado, no valor de R$ 9,1 bilhões. A notícia gerou forte reação no mercado, levando as ações da estatal a caírem mais de 6% nesta quinta-feira (27).
O resultado acendeu um alerta para contadores e investidores, principalmente em relação à geração de caixa da empresa e ao impacto contábil de decisões estratégicas.
Apesar de não ter apresentado grandes surpresas operacionais, a Petrobras enfrentou três fatores que impactaram negativamente seu resultado no trimestre:
- Impairment e descomissionamento de plataformas: perdas contábeis de US$ 4 bilhões com a desvalorização de ativos;
- Variação cambial: impacto de US$ 4,7 bilhões devido à dívida em moeda estrangeira;
- Investimentos antecipados: a Petrobras gastou mais do que o previsto, com capex saltando de US$ 4,4 bilhões para US$ 5,7 bilhões no trimestre.
Dentre esses fatores, o que mais preocupou o mercado foi a antecipação de investimentos que só deveriam ser feitos em 2025.
Vale ressaltar que o prejuízo contábil não afetou diretamente o caixa da estatal, mas comprometeu a expectativa de retorno para acionistas. O fluxo de caixa livre foi inferior ao esperado, o que resultou na distribuição de dividendos menores.
Para os analistas da XP Investimentos, o grande ponto de frustração foi o alto nível de investimentos no trimestre, reduzindo a disponibilidade de recursos para dividendos, afirmando que a recuperação da confiança do mercado dependerá de trimestres com geração sólida de caixa.
Diante das críticas, a CEO da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que o prejuízo não reflete problemas operacionais, mas sim ajustes contábeis.
A CEO ainda frisa a empresa segue com forte geração de caixa, alcançando R$ 124 bilhões em 2024, mesmo diante da queda no preço do petróleo e do aumento dos investimentos.
Sobre a antecipação de investimentos, Chambriard destacou que os recursos foram direcionados para o campo de Búzios, uma das áreas mais promissoras da Petrobras e a expectativa é que os investimentos tragam um retorno significativo, adicionando R$ 2,2 bilhões ao caixa nos próximos três anos.
Para este ano, a Petrobras garante que o capex elevado não se repetirá no 1º trimestre do ano, já que os investimentos antecipados foram concluídos. Ainda assim, o mercado seguirá atento às políticas de investimentos da estatal e ao impacto no fluxo de caixa.
Para os contadores e analistas financeiros, os principais pontos de atenção para os próximos trimestres serão:
- Evolução dos investimentos e sua influência no caixa;
- Impactos da variação cambial na dívida da empresa;
- Política de distribuição de dividendos e retorno aos acionistas.
Com informações da Forbes