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Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/03/2025
Voc? n?o vai querer ficar perto de um buraco negro, mas se ele estiver longe o suficiente pode at? ajudar no desenvolvimento da vida.
[Imagem: NOIRLab/NSF/AURA/J. daSilva/M. Zamani]
N?cleos gal?cticos ativos
No centro da maioria das grandes gal?xias, incluindo a nossa Via L?ctea, h? um buraco negro supermassivo. Eventualmente, g?s interestelar fica ao alcance desses po?os sem fundo, mudando o buraco negro para o modo n?cleo gal?ctico ativo (AGN), que dispara radia??o de alta energia em feixes que alcan?am toda a gal?xia.
N?o ? um ambiente bom para se ficar, por isso n?o deixa de ser surpreendente a conex?o que Kendall Sippy e colegas da Universidade Dartmouth, nos EUA, est?o fazendo.
A pesquisa te?rica da equipe revela a possibilidade de que a radia??o emitida por esses n?cleos gal?cticos ativos pode ter como efeito "nutrir" a vida pela gal?xia - bem longe do buraco negro, ? certo, quando a radia??o atinge planetas distantes.
? a primeira vez que algu?m se prop?e a medir - por meio de simula??es de computador - como a radia??o ultravioleta de um n?cleo gal?ctico ativo pode transformar a atmosfera de um planeta para ajudar ou atrapalhar a vida.
Os resultados foram consistentes com estudos que analisam os efeitos da radia??o solar, mostrando que os benef?cios - ou danos - dependem de qu?o perto o planeta est? da fonte da radia??o e se a vida j? ganhou um ponto de apoio. Perto demais, e a radia??o elimina qualquer esperan?a de que a vida flores?a. Mas, na dist?ncia certa, a vida pode se beneficiar da radia??o do buraco negro.
"Uma vez que a vida existe e oxigenou a atmosfera, a radia??o se torna menos devastadora e possivelmente at? uma coisa boa," disse Sippy. "Uma vez que essa ponte ? cruzada, o planeta se torna mais resiliente ? radia??o UV e protegido de potenciais eventos de extin??o."
Impacto do buraco negro sobre a habitabilidade
Os pesquisadores simularam os efeitos da radia??o do n?cleo gal?ctico ativo n?o apenas na Terra, mas tamb?m em planetas semelhantes ? Terra de composi??o atmosf?rica variada. Se o oxig?nio j? estiver presente, a radia??o desencadeia rea??es qu?micas, fazendo com que a camada protetora de oz?nio do planeta cres?a - quanto mais oxigenada a atmosfera, maior ? o efeito.
A luz de alta energia reage prontamente com o oxig?nio (O2), dividindo a mol?cula em ?tomos individuais que se recombinam para formar oz?nio (O3). ? medida que o oz?nio se acumula na atmosfera superior, ele desvia mais e mais radia??o perigosa de volta para o espa?o.
A Terra deve seu clima favor?vel a um processo semelhante, que aconteceu h? cerca de 2 bilh?es de anos, quando do surgimento dos primeiros micr?bios produtores de oxig?nio. A radia??o do Sol ajudou a vida incipiente da Terra a oxigenar e adicionar oz?nio ? atmosfera. ? medida que o manto protetor de oz?nio do nosso planeta engrossava, isso permitiu que a vida florescesse, produzindo mais oxig?nio e ainda mais oz?nio. Sob a hip?tese de Gaia, esses ciclos de retroalimenta??o ben?ficos permitiram que a vida complexa emergisse.
A Terra n?o est? perto o suficiente do seu buraco negro gal?ctico, Sagit?rio A*, para sentir seus efeitos, mesmo no modo de n?cleo gal?ctico ativo. Mas as simula??es mostraram que o mesmo que aconteceu na Terra sob influ?ncia do Sol pode acontecer em um planeta que esteja muito mais perto de um n?cleo gal?ctico ativo hipot?tico - especificamente, em um planeta exposto a uma radia??o bilh?es de vezes maior do que a Terra em rela??o ao Sagit?rio A*.
Mas, al?m da dist?ncia do planeta ao buraco negro, o efeito depende tamb?m do formato da gal?xia. As estrelas e seus planetas em gal?xias mais massivas com uma forma el?ptica, como a Messier-87, ou nossa espiral Via L?ctea, est?o mais espalhadas e, portanto, mais longe da radia??o do buraco negro, o que significa que ? mais prov?vel que alguma eventual forma de vida se beneficie dessa radia??o, em vez de ser dizimada por ela.
Bibliografia:
Artigo: Impacts of UV Radiation from an AGN on Planetary Atmospheres and Consequences for Galactic Habitability
Autores: Kendall I. Sippy, Jake K. Eager-Nash, Ryan C. Hickox, Nathan J. Mayne, McKinley C. Brumback
Revista: The Astrophysical Journal
Vol.: 980, Number 2
DOI: 10.3847/1538-4357/adac5d
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