Inform?tica
Com informações da New Scientist - 12/03/2025
Prot?tipo do processador qu?ntico Majorana 1, cujo princ?pio de funcionamento est? sendo contestado.
[Imagem: John Brecher/Microsoft]
Part?culas de Majorana
No m?s passado, a Microsoft anunciou com grande alarde uma nova arquitetura de computador qu?ntico a partir de um novo tipo de mat?ria que ningu?m havia conseguido criar antes, e que esse estado ex?tico da mat?ria poderia ser usado para construir computadores qu?nticos "capazes de resolver problemas significativos em escala industrial em anos, e n?o em d?cadas".
Mas, desde aquele an?ncio, a gigante da tecnologia tem sido cada vez mais criticada por pesquisadores de todo o mundo, que garantem que a empresa n?o conseguiu fazer nada parecido com esse novo estado ex?tico de mat?ria - ou, se fez, n?o conseguiu demonstrar isto. "Minha impress?o ? que a resposta da comunidade de f?sica especializada tem sido esmagadoramente negativa. Em particular, as pessoas est?o indignadas," opinou o professor Sergey Frolov, da Universidade de Pittsburgh, nos EUA, que n?o esteve envolvido com o trabalho da Microsoft.
A alega??o da Microsoft se baseia em quasipart?culas elusivas e ex?ticas chamadas modos zero de Majorana (MZMs). Teoricamente, essas quasipart?culas podem ser usadas para criar um qubit topol?gico, um novo tipo de bit qu?ntico praticamente imune a erros, o que ? uma grande defici?ncia de todos os computadores qu?nticos de hoje.
A teoria diz que os MZMs (modos zero de Majorana) surgem do comportamento coletivo de el?trons nas bordas de fios supercondutores muito finos. O novo chip da Microsoft, batizado de Majorana 1, cont?m v?rios desses nanofios e, de acordo com a empresa, emergem deles part?culas de Majorana suficientes para fazer oito qubits topol?gicos.
Mas a comunidade cient?fica afirma simplesmente que a Microsoft n?o forneceu evid?ncias suficientes para sustentar essas alega??es.
Estrutura dos nanofios, onde estariam emergindo as part?culas de Majorana.
[Imagem: Morteza Aghaee et al. - 10.1038/s41586-024-08445-2]
Contradi??es
Junto com seu an?ncio ? imprensa, a empresa publicou um artigo na revista Nature que, segundo a empresa, confirmaria seus resultados: "O artigo da Nature marca a confirma??o revisada por pares de que a Microsoft n?o s? foi capaz de criar part?culas Majorana, que ajudam a proteger informa??es qu?nticas de perturba??es aleat?rias, mas tamb?m pode medir essas informa??es delas de modo confi?vel," diz o comunicado ? imprensa da Microsoft.
Mas os editores da revista Nature n?o concordam com essa afirma??o, deixando explicitamente claro que a declara??o da empresa ? incorreta. Um relat?rio dispon?vel publicamente sobre o processo de revis?o pelos pares afirma: "A equipe editorial deseja salientar que os resultados neste manuscrito n?o representam evid?ncias da presen?a de modos zero Majorana nos dispositivos relatados."
Em outras palavras, a Microsoft e a Nature est?o se contradizendo frontalmente.
A empresa alega que agora j? consegue lidar com m?ltiplos qubits topol?gicos.
[Imagem: Microsoft]
Suspeitas
E h? outros aspectos pouco ortodoxos na publica??o do artigo da Microsoft. Dois dos quatro revisores, os especialistas que analisam o artigo e julgam se ? cab?vel public?-lo, inicialmente deram uma avalia??o bastante cr?tica e negativa, o que normalmente desqualificaria um artigo para publica??o. O relat?rio de revis?o pelos pares mostra que, na ?ltima rodada de edi??o, um revisor ainda discordava da publica??o do artigo, enquanto os outros tr?s o aprovaram.
Al?m disso, um dos revisores j? trabalhou em conjunto com a Microsoft, um trabalho que resultou na publica??o de um artigo que foi posteriormente retratado, ou despublicado, com um pedido de desculpas da equipe por "rigor cient?fico insuficiente" - e esse nem havia sido o primeiro caso de artigos cient?ficos sobre as part?culas de Majorana a serem despublicados.
Um porta-voz da Nature disse ? revista brit?nica New Scientist que a decis?o final de publicar o artigo da Microsoft se resumiu ao potencial que eles viam para experimentos com MZMs, em vez de necessariamente o que havia sido alcan?ado at? agora.
A Microsoft, por sua vez, respondeu que, desde que o artigo foi submetido para revis?o na Nature, a empresa fez v?rios avan?os, incluindo a constru??o de um processador qu?ntico multi-qubit e o desenvolvimento de novos modos de manipular esses qubits, o que aumentou a confian?a da equipe em suas alega??es. A empresa afirmou que divulgar? mais detalhes em uma confer?ncia ainda neste m?s de Mar?o.
Bibliografia:
Artigo: Interferometric single-shot parity measurement in InAs-Al hybrid devices
Autores: Morteza Aghaee et al.
Revista: Nature
DOI: 10.1038/s41586-024-08445-2
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