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Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/03/2025
Os dados mostram que nossa vis?o do Universo precisa mudar.
[Imagem: KPNO/NOIRLab/NSF/AURA/R.T. Sparks]
Escurid?o do saber
Quando voc? ouve que 25% do cosmos ? composto de mat?ria escura, 75% de energia escura, e apenas 5% da mat?ria comum, de que s?o feitas as estrelas e planetas e tudo o mais, o que voc? est? ouvindo ? um resumo do chamado modelo padr?o da cosmologia, uma teoria cient?fica chamada modelo Lambda-CDM (Λ-CDM).
Mas todas as nossas tentativas de descobrir o que ? a mat?ria escura falharam, e agora parece que o mesmo est? acontecendo com a energia escura, mostrando que esta teoria n?o ? t?o boa como acredit?vamos.
No ano passado, os primeiros dados do Instrumento Espectrosc?pico de Energia Escura (DESI) indicaram que o a energia escura est? "evoluindo" ao longo do tempo, em vez de permanecer constante - o DESI ? instrumento constitu?do por 5 mil fibras ?pticas, cada uma delas funcionando como um telesc?pio controlado roboticamente, que ficam escaneando gal?xias em alta velocidade.
Agora, a equipe do DESI liberou dados muito mais representativos, resultantes de tr?s anos de observa??es - s?o 10 vezes mais dados e cobrindo sete vezes a ?rea do c?u em rela??o aos dados anteriores.
Ao combinar esses dados com outras medi??es, como mapas da radia??o c?smica de fundo em micro-ondas e supernovas, a equipe concluiu que a energia escura parece de fato mudar ao longo do tempo, contradizendo diretamente o modelo padr?o Lambda-CDM.
Esta fatia dos dados DESI mapeia objetos celestes da Terra (centro) a bilh?es de anos-luz de dist?ncia. Entre os objetos est?o gal?xias brilhantes pr?ximas (amarelo), gal?xias vermelhas luminosas (laranja), gal?xias de linha de emiss?o (azul) e quasares (verde). A estrutura em larga escala do Universo ? vis?vel na imagem inserida, que mostra a regi?o de pesquisa mais densa e representa menos de 0,1% do volume total do levantamento.
[Imagem: Claire Lamman/DESI Collaboration]
Constante inconstante
Segundo o modelo padr?o, a energia escura, representada pela constante cosmol?gica Λ, seria a respons?vel pela acelera??o da expans?o do Universo, mantendo uma densidade de energia constante ao longo do tempo.
Os novos dados, contudo, indicam que essa acelera??o parece ser din?mica, variando no tempo e no espa?o, o que exige uma vis?o totalmente nova do Universo - em outras palavras, o que acredit?vamos ser uma constante cosmol?gica n?o ? constante.
Embora v?rios cientistas j? defendam abertamente que a energia escura n?o existe, a maioria da comunidade cient?fica esperava que um volume maior de dados anulasse aquela conclus?o inicial do DESI, que poderia ser algum vi?s de um pequeno conjunto de observa??es.
Ocorre, contudo, que o efeito ficou mais forte, atingindo uma signific?ncia de 4,2 sigmas. ? necess?rio atingir 5 sigmas para que um resultado seja considerado uma "descoberta". A expectativa ? que os 5 sigmas sejam atingidos com mais dois anos de observa??es do DESI.
Nova vis?o do Universo
Supondo que a conclus?o se mantenha, ent?o o Universo pode ser muito diferente da imagem que atualmente temos dele. Se a energia escura continuar se tornando mais fraca, o efeito da acelera??o da expans?o do Universo pode desaparecer com o tempo, viabilizando cen?rios como o "Big Crunch", o oposto do Big Bang, quando o cosmos come?ar? a se contrair at? eventualmente colapsar sobre si mesmo.
"O que estamos vendo ? profundamente intrigante," disse a professora Alexie Leauthaud-Harnett, membro do DESI. "? emocionante pensar que podemos estar ? beira de uma grande descoberta sobre a energia escura e a natureza fundamental do nosso Universo."
"Parece cada vez mais que precisamos modificar nosso modelo padr?o da cosmologia para fazer com que esses diferentes conjuntos de dados fa?am sentido juntos - e a evolu??o da energia escura parece promissora," completou seu colega Will Percival.
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