Exoplaneta de clima extremo tem ventos de ferro e titânio

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Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/02/2025

Clima infernal

Astr?nomos combinaram quatro telesc?pios do ESO, no Chile, para observar a atmosfera de um planeta fora do nosso Sistema Solar, mapeando pela primeira vez a sua estrutura tridimensional.

O planeta WASP-121b (tamb?m conhecido por Tylos), situa-se a cerca de 900 anos-luz de dist?ncia da Terra, na constela??o da Popa, e ? do tipo J?piter ultra-quente, ou seja, trata-se de um planeta gigante gasoso que orbita a sua estrela hospedeira t?o de perto que um ano no planeta dura somente cerca de 30 horas terrestres. Al?m disso, um dos lados do planeta ? escaldante, j? que est? sempre virado para a estrela, enquanto o outro lado ? muito mais frio.

Assim, n?o seria de se esperar um clima ameno e aconchegante, mas o que os astr?nomos viram superou as expectativas: Ventos poderosos transportam elementos qu?micos como o ferro e o tit?nio, criando padr?es clim?ticos intrincados na atmosfera do exoplaneta.

"A atmosfera deste planeta mostra-se desafiadora para a nossa compreens?o do comportamento do clima, n?o s? na Terra, mas tamb?m noutros planetas. Realmente, parece algo sa?do diretamente da fic??o cient?fica!", disse Julia Seidel, membro da equipe.

? a primeira vez que os astr?nomos conseguem estudar a atmosfera de um exoplaneta com tanto detalhe. O registro de ventos distintos em camadas diferentes permitiu criar um mapa tridimensional da estrutura atmosf?rica de Tylos.

"Descobrimos algo surpreendente: Uma corrente de jato faz o material girar em torno do equador do planeta, enquanto um outro fluxo que existe em n?veis atmosf?ricos mais baixos transporta g?s do lado quente do planeta para o lado frio. Este tipo de clima nunca foi observado anteriormente em nenhum planeta," contou Julia.

A corrente de jato estende-se por metade do planeta, ganhando velocidade e movimentando violentamente a atmosfera superior ? medida que atravessa o lado quente de Tylos. "Mesmo os furac?es mais fortes que observamos no Sistema Solar parecem calmos em compara??o com este fen?meno," acrescentou Julia.

Atmosfera de exoplanetas

Para revelar a estrutura tridimensional da atmosfera do exoplaneta, a equipe utilizou o instrumento ESPRESSO, montado no VLT, que combina a radia??o coletada pelos quatro telesc?pios principais do ESO num ?nico sinal. Deste modo, captura-se quatro vezes mais radia??o do que se um ?nico telesc?pio fosse usado, o que permite revelar muito mais detalhes.

Ao observar o planeta durante um tr?nsito completo pela frente da sua estrela, o ESPRESSO foi capaz de detectar assinaturas de diversos elementos qu?micos, sondando assim diferentes camadas da atmosfera. A equipe seguiu os movimentos do ferro, do s?dio e do hidrog?nio, conseguindo assim detectar ventos nas camadas profunda, m?dia e superficial da atmosfera do planeta, respectivamente.

"O VLT nos permitiu sondar tr?s camadas diferentes da atmosfera do exoplaneta de uma s? vez," contou o astr?nomo brasileiro Leonardo dos Santos, atualmente trabalhando no Instituto de Ci?ncias do Telesc?pio Espacial, nos Estados Unidos. "? o tipo de observa??o que ? muito dif?cil de fazer com telesc?pios espaciais, o que real?a a import?ncia de observar exoplanetas a partir do solo."

Curiosamente, as observa??es tamb?m revelaram a presen?a de tit?nio logo abaixo da corrente de jato. ? uma surpresa, uma vez que observa??es anteriores deste exoplaneta tinham apontado para a aus?ncia desse elemento, possivelmente por este se encontrar escondido nas profundezas da atmosfera.

H? um grande interesse em observar a atmosfera de planetas menores, de dimens?es mais parecidas com as da Terra, mas isso exigir? telesc?pios maiores, como o ELT (Extremely Large Telescope), atualmente em constru??o no mesmo deserto chileno do Atacama.

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