Meio ambiente
Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/02/2025
A nova interpreta??o da origem da humanidade aumenta a probabilidade de vida inteligente em outras partes do Universo.
[Imagem: NASA]
Emerg?ncia da vida
Quando os cientistas analisam a emerg?ncia da vida na Terra, que parece ter surgido por algum tipo de gera??o espont?nea, eles se deparam com duas possibilidades antag?nicas.
A primeira ? uma constata??o de que a vida inteligente ? um evento incrivelmente improv?vel, exigindo uma s?rie de passos encadeados e condi??es espec?ficas do ambiente que desafiam todas as probabilidades, mesmo levando em conta os cerca de cinco bilh?es de anos de idade da Terra. Essa teoria ? mais conhecida como "teoria dos passos dif?ceis".
A segunda possibilidade, contudo, ? oposta, envolvida no chamado princ?pio antr?pico: Tudo, n?o apenas na Terra, mas no pr?prio Universo, parece ter sido cuidadosamente talhado para que a vida existisse e pud?ssemos estar aqui agora discutindo isso.
Daniel Mills e colegas da Universidade da Pensilv?nia, nos EUA, resolveram estudar isso em mais detalhes, e come?aram reunindo astrof?sicos, ge?logos e bi?logos para criar um novo modelo da emerg?ncia e evolu??o da vida.
E o modelo deu um resultado um tanto surpreendente: Em vez de "passos dif?ceis", ou probabilisticamente improv?veis, o que o modelo mostrou ? que a humanidade pode n?o ter nada de extraordin?rio, sendo o resultado evolutivo natural do nosso planeta, nunca tendo se deparado com nenhum "hiato de improbabilidade" que tenha exigido qualquer milagre para ser cruzado.
Al?m de enriquecer a discuss?o, o novo estudo traz uma consequ?ncia interessante: Sendo t?o naturalmente fruto da evolu??o da Terra, a vida pode muito bem ter-se originado e desenvolvido em outros planetas.
"Esta ? uma mudan?a significativa sobre como pensamos sobre a hist?ria da vida," disse a professora Jennifer Macalady. "Isso sugere que a evolu??o da vida complexa pode ser menos sobre sorte e mais sobre a intera??o entre a vida e seu ambiente, abrindo novos e excitantes caminhos de pesquisa em nossa busca para entender nossas origens e nosso lugar no Universo."
A distribui??o temporal dos famosos "passos dif?ceis", que agora se tornaram desnecess?rios.
[Imagem: Daniel B. Mills et al. - 10.1126/sciadv.ads5698]
Janelas de habitabilidade
Inicialmente desenvolvido pelo f?sico Brandon Carter em 1983, o modelo de "passos dif?ceis" argumenta que nossa origem evolutiva era altamente improv?vel devido ao tempo que os humanos levaram para evoluir na Terra em rela??o ao tempo de vida total do Sol - e, portanto, a probabilidade de seres semelhantes aos humanos al?m da Terra seria extremamente baixa.
O novo modelo tra?a outro roteiro, mostrando que o ambiente da Terra era inicialmente in?spito para a maioria das formas de vida, mas que os principais passos evolutivos tornaram-se poss?veis, e muito mais prov?veis, quando o ambiente global atingiu um estado "permissivo".
Por exemplo, a vida animal complexa requer um certo n?vel de oxig?nio na atmosfera, ent?o a oxigena??o da atmosfera da Terra atrav?s de micr?bios e bact?rias fotossintetizantes foi um passo evolutivo natural para o planeta, o que criou uma janela de oportunidade para o desenvolvimento de formas de vida mais recentes.
"Estamos argumentando que a vida inteligente pode n?o exigir uma s?rie de golpes de sorte para existir," disse Daniel Mills, membro da equipe. "Os humanos n?o evolu?ram 'cedo' ou 'tarde' na hist?ria da Terra, mas 'na hora certa', quando as condi??es estavam presentes. Talvez seja apenas uma quest?o de tempo, e talvez alguns planetas sejam capazes de atingir essas condi??es mais rapidamente do que a Terra, enquanto outros planetas podem levar ainda mais tempo."
A dura??o da vida na biosfera ? necessariamente limitada entre o in?cio da habitabilidade da Terra (a janela de habitabilidade, entre 4,5 e 3,9 bilh?es de anos) e o seu fim (a extin??o de toda a vida, cerca de 1,0 ? 0,5 bilh?o de anos no futuro).
[Imagem: Daniel B. Mills et al. - 10.1126/sciadv.ads5698]
N?o ? sobre a estrela, ? sobre a planeta
A previs?o central da teoria dos "passos dif?ceis" afirma que muito poucas civiliza??es, se alguma, existem em todo o Universo porque etapas como a origem da vida, o desenvolvimento de c?lulas complexas e o surgimento da intelig?ncia humana seriam improv?veis com base na interpreta??o de Carter de que a vida ?til total do Sol ? de 10 bilh?es de anos e a idade da Terra ? de cerca de 5 bilh?es de anos.
Uma das raz?es pela qual esse modelo dos "passos dif?ceis" prevaleceu na comunidade cient?fica por tanto tempo ? que ele se originou da disciplina da astrof?sica, que ? o campo padr?o usado para entender a forma??o de planetas e sistemas celestes. Mas este novo trabalho ? uma colabora??o entre f?sicos e geobi?logos, cada um aprendendo com os campos do outro para desenvolver uma imagem diferenciada de como a vida evolui em um planeta como a Terra.
Com essa abordagem mais ampla, a equipe percebeu que n?o se pode deduzir tudo partindo unicamente das condi??es da estrela. Em vez disso, eles prop?em que o momento da origem humana pode ser explicado pela abertura sequencial de "janelas de habitabilidade" ao longo da hist?ria da Terra, dirigida por mudan?as na disponibilidade de nutrientes, temperatura da superf?cie do mar, n?veis de salinidade dos oceanos e quantidade de oxig?nio na atmosfera. Dados todos os fatores de intera??o, a Terra s? recentemente se tornou hospitaleira para a humanidade - e simplesmente como resultado natural dessas condi??es em a??o.
"Estamos assumindo a vis?o de que, em vez de basear nossas previs?es na vida ?til do Sol, dever?amos usar uma escala de tempo geol?gica, porque ? quanto tempo leva para a atmosfera e a paisagem mudarem," disse Jason Wright. "Essas s?o escalas de tempo normais na Terra. Se a vida evolui com o planeta, ent?o ela evoluir? em uma escala de tempo planet?ria em um ritmo planet?rio."
Bibliografia:
Artigo: A reassessment of the "hard-steps" model for the evolution of intelligent life
Autores: Daniel B. Mills, Jennifer L. Macalady, Adam Frank, Jason T. Wright
Revista: Science Advances
Vol.: 11, Issue 7
DOI: 10.1126/sciadv.ads5698
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