Simulação reforça indícios da existência do Planeta 9

3 semanas atrás 8

Espa?o

Com informações da Unesp - 01/04/2025

Simula??o refor?a ind?cios da exist?ncia do Planeta 9

Representa??o art?stica do hipot?tico Planeta 9, na borda do nosso Sistema Solar. A ?rbita de Netuno ? mostrada como um anel brilhante ao redor do Sol.
[Imagem: ESO/Tom Ruen/nagualdesign]


Planeta 9

Os astr?nomos j? garantem que o Planeta 9 ? uma certeza matem?tica, mas ele s? ser? declarado uma descoberta quando pudermos fazer imagens dele.

Por enquanto, os estudos avan?am no sentido de detectar os efeitos gravitacionais que o ainda hipot?tico planeta exerce sobre corpos celestes que j? conseguimos observar.

? o que acaba de fazer uma equipe internacional com a participa??o de pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

A equipe montou simula??es computadorizadas de um modelo do Sistema Solar contendo um nono planeta, e ent?o rodou o programa para monitorar a evolu??o da nossa vizinhan?a espacial ao longo de um per?odo equivalente a bilh?es de anos.

E os resultados confirmaram que a exist?ncia do Planeta Nove afetaria a forma??o de duas ?reas do Sistema Solar onde est?o grandes "dep?sitos" de cometas: a ?rea expandida do Cintur?o de Kuiper e a Nuvem de Oort - a simula??o resulta nessas ?reas como elas existem hoje.

"Por meio das simula??es tamb?m confirmamos o resultado de um estudo muito recente que indica que objetos localizados na regi?o expandida do Cintur?o de Kuiper, cujas dist?ncias de peri?lio (menor dist?ncia em rela??o ao Sol) sejam inferiores a 30 uas [unidades astron?micas] e inclina??o inferior a 40 graus, tamb?m podem servir como s?o evid?ncias do Planeta 9. Esse resultado pode contribuir para uma melhor caracteriza??o da ?rbita do planeta hipot?tico em um tempo menor, pois esses objetos s?o mais f?ceis de observar," contou o professor Rafael de Sousa.

Simula??o refor?a ind?cios da exist?ncia do Planeta 9

Previs?es sobre o Planeta Nove.
[Imagem: Jornal da Unesp]

Hip?tese do Planeta 9

A hip?tese da exist?ncia do Planeta 9 ganhou for?a h? pouco mais de uma d?cada, quando os telesc?pios avan?aram o suficiente para permitir a descoberta de seis objetos transnetunianos, ent?o classificados como os mais distantes j? registrados no Sistema Solar.

A an?lise das ?rbitas destes corpos identificou um alinhamento singular, com todas parecendo apontar para uma mesma dire??o, como se sofressem os efeitos gravitacionais de um corpo celeste maior. Foi quando os astr?nomos Konstantin Batygin e Michael Brow fizeram os primeiros c?lculos a indicar uma prov?vel ?rbita do Planeta 9.

Os seis objetos transnetunianos forneceram um ind?cio importante, mas n?o o suficiente para que tenhamos um ponto para onde apontar os telesc?pios. Devido ao seu imenso distanciamento do Sol, a luz que chega ? superf?cie do planeta e ? refletida deve ter uma intensidade m?nima, ou seja, o planeta ? muito escuro do nosso ponto de vista. Al?m disso, sua ?rbita ? extremamente longa, calculando-se algo em torno de 10 mil anos para que ele complete uma volta em torno do Sol.

Tudo somado, o resultado ? que, a menos que sejam encontradas novas informa??es quanto ? regi?o em que ele possa ser encontrado num dado momento, os pesquisadores ficam limitados a buscar o objeto "?s cegas", sem uma indica??o precisa para onde apontar os telesc?pios.

Para melhorar os dados, a equipe agora se voltou para outro grupo de corpos celestes, os cometas. No Sistema Solar existem duas fontes principais de cometas: o Cintur?o de Kuiper - e sua regi?o expandida - e a Nuvem de Oort. Esta ?ltima est? localizada a dist?ncias que variam entre 1.000 e mais de 20.000 uas - uma unidade astron?mica corresponde ? dist?ncia entre a Terra e o Sol. As evid?ncias obtidas pelos seis objetos transnetunianos indicam que o Planeta 9 estaria localizado dentro da regi?o expandida do Cintur?o de Kuiper.

O racioc?nio ? que, se o planeta influencia por meio da intera??o gravitacional a ?rbita dos objetos transnetunianos, deve ser poss?vel observar tamb?m algum efeito sobre os cometas que se formaram e saem daquela regi?o do espa?o. Foi o que a simula??o mostrou, resultando em uma configura??o do Sistema Solar semelhante ? que conhecemos hoje, incluindo as posi??es do Cintur?o de Kuiper e da Nuvem de Oort, e com os cometas apresentando as mesmas ?rbitas que podemos observar atualmente.

Simula??o refor?a ind?cios da exist?ncia do Planeta 9

Resultados da simula??o bateram com dados observacionais, tanto dos "reservat?rios" de cometas, quanto de 4 cometas conhecidos.
[Imagem: Unesp]

Cometas fundamentam exist?ncia do Planeta Nove

A simula??o tamb?m resultou no surgimento de uma segunda nuvem, na regi?o expandida do Cintur?o de Kuiper, alinhada com a ?rbita do planeta. Essa nuvem funcionaria como um reservat?rio adicional de cometas, influenciando diretamente a produ??o e a distribui??o dessas ?rbitas, mas sua exist?ncia tamb?m carece de confirma??o observacional.

Finalmente, os pesquisadores calcularam as trajet?rias dos cometas que surgiram a partir desses tr?s reservat?rios, em especial de um grupo de quatro cometas conhecidos e que tamb?m surgiram na simula??o - eles medem mais de 10 km de di?metro e levam menos de 20 anos para completar suas ?rbitas. "Isso garantiu uma maior precis?o dos resultados, porque s?o ?rbitas que j? est?o bem mapeadas," disse Rafael.

E as coisas bateram. "Nossas simula??es foram consistentes com as observa??es das ?rbitas dos cometas," confirmou o pesquisador. E a equipe conseguiu reunir evid?ncias adicionais, relacionadas ao n?mero de cometas. "Produzimos uma estimativa sobre o n?mero de cometas com mais de 10 km de di?metro que seriam produzidos, e comparamos com os cerca de quatro j? observados. Sem a presen?a do Planeta 9 na simula??o, o n?mero n?o chega a um. Com ele, pode chegar a 3,6 - o que ? muito mais pr?ximo da realidade."

Outro avan?o proporcionado pela pesquisa foi uma clareza maior quanto ?s poss?veis dimens?es do hipot?tico Planeta 9. At? ent?o, pesquisas apontavam para um astro de grandes propor??es, com cerca de 15 massas terrestres. Mas a simula??o da equipe concluiu que o Planeta 9 deve ter metade disso, cerca de 7,5 massas terrestres, menor do que Urano, que tem pouco mais de 14 vezes a massa terrestre.

O pr?ximo passo ser? refinar ainda mais a simula??o, focando nos chamados cometas de longo per?odo, que levam centenas e at? milhares de anos para completar uma volta em torno do Sol. "O estudo desses cometas pode proporcionar ainda mais pistas sobre o Planeta 9, porque a origem deles ? a Nuvem de Oort. Por isso, ser? o nosso pr?ximo desafio," concluiu Rafael.

Bibliografia:

Artigo: Reassessing the origin and evolution of Ecliptic Comets in the Planet-9 Scenario
Autores: Rafael Ribeiro de Sousa, Andre Izidoro, Alessandro Morbidelli, David Nesvorny, Othon Cabo Winter
Revista: Icarus
Vol.: 433, 116472
DOI: 10.1016/j.icarus.2025.116472

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