Meio ambiente
Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/02/2025
Por si s?, a Terra entrar? em outra era glacial em pouco mais de 10.000 anos, mas as emiss?es de gases de efeito estufa pela humanidade podem estender o per?odo interglacial atual.
[Imagem: Gerado por IA/SIT]
Dura??o das eras glaciais
Climatologistas parecem ter finalmente desvendado os mecanismos que fazem com que as eras do gelo se repitam na Terra - e a pr?xima est? mais pr?ximo do que se imaginava.
Come?ando h? cerca de 2,5 milh?es de anos, a Terra entrou em uma era marcada por sucessivas eras glaciais e per?odos interglaciais, emergindo da ?ltima glacia??o h? cerca de 11.700 anos.
As previs?es de uma liga??o entre a ?rbita da Terra em torno do Sol e as flutua??es entre as condi??es glaciais e interglaciais existem h? mais de um s?culo, mas s? foram confirmadas por dados reais em meados da d?cada de 1970. Desde ent?o, os cientistas t?m lutado para identificar precisamente qual par?metro orbital ? mais importante para o in?cio e o fim dos ciclos glaciais, o que ? dif?cil devido ? necessidade de datar essas mudan?as clim?ticas t?o distantes no passado.
Stephen Barker e colegas das universidades da Calif?rnia de Santa B?rbara (EUA) e Cardiff (Reino Unido) conseguiram superar esse problema observando a forma do registro clim?tico ao longo do tempo, o que permitiu identificar como os diferentes par?metros se encaixam para produzir as mudan?as clim?ticas observadas.
Eles descobriram que cada glacia??o dos ?ltimos 900.000 anos segue um padr?o previs?vel. Esse padr?o natural - na aus?ncia de emiss?es humanas de gases de efeito estufa - indica que estamos atualmente no meio de um interglacial est?vel e que a pr?xima era glacial come?ar? aproximadamente 11.000 anos a partir de agora.
"O padr?o que encontramos ? t?o reprodut?vel que fomos capazes de fazer uma previs?o precisa de quando cada per?odo interglacial dos ?ltimos milh?es de anos ou mais ocorreria e quanto tempo cada um duraria," disse Barker. "Isso ? importante porque confirma que os ciclos naturais de mudan?a clim?tica que observamos na Terra ao longo de dezenas de milhares de anos s?o amplamente previs?veis e n?o aleat?rios ou ca?ticos."
As varia??es na dura??o interglacial s?o dominadas pela fase deglacial (setas cinzas de duas pontas), que ? uma fun??o da fase entre precess?o e obliquidade. A termina??o glacial come?a com o primeiro pico de precess?o a come?ar enquanto a obliquidade est? subindo, ap?s um m?nimo na excentricidade. O in?cio glacial ent?o vem com a pr?xima diminui??o na obliquidade.
[Imagem: Stephen Barker et al. - 10.1126/science.adp3491]
?rbita da Terra e eras do gelo
A import?ncia do trabalho reside na mensura??o dos pap?is da precess?o, obliquidade e excentricidade - fatores que influenciam a inclina??o e o movimento do eixo da Terra e o formato da ?rbita da Terra ao redor do Sol - nas transi??es glaciais.
J? se acreditava que as eras glaciais da Era Quatern?ria da Terra, que se estende de 2,6 milh?es de anos at? hoje, seriam impulsionadas por varia??es na configura??o orbital da Terra. No entanto, devido ?s dificuldades de data??o dos ciclos glaciais, os cientistas t?m tido dificuldade para desembara?ar as influ?ncias espec?ficas da precess?o, da obliquidade e da excentricidade no avan?o e recuo r?tmicos das camadas de gelo.
Uma das maiores dificuldades reside na semelhan?a impressionante entre as periodicidades da precess?o (~21.000 anos) e o segundo harm?nico da obliquidade (~20.500 anos). Al?m disso, a tend?ncia de os per?odos glaciais terminarem em intervalos de ~100.000 anos - correspondendo a um ciclo de excentricidade chave - permanece sem solu??o, um problema que os paleoclimatologistas chamam de "problema dos 100 mil anos".
Assim, em vez de confiar na precis?o dos modelos, a equipe adotou uma nova abordagem, analisando a morfologia do in?cio e do fim dos per?odos glaciais nos ?ltimos 800.000 anos, um per?odo caracterizado por ciclos glaciais de cerca de 100.000 anos. Com base em tr?s registros independentes de oxig?nio bent?nico (is?topos de oxig?nio dissolvido em camadas de ?gua pr?ximas ao fundo de corpos d'?gua, como oceanos, lagos e rios), a equipe quantificou o tempo das fases cr?ticas dentro de cada transi??o glacial-interglacial.
A descoberta principal ? que essas etapas se alinham fortemente com o faseamento relativo da precess?o orbital versus obliquidade. Embora os dois par?metros sejam cruciais, a precess?o desempenha um papel dominante no in?cio da deglacia??o, enquanto a obliquidade ? mais cr?tica para atingir as condi??es interglaciais de pico e desencadear o in?cio glacial.
Isso sugere que as eras glaciais terminam em m?nimos de precess?o espec?ficos, que se alinham com o aumento da obliquidade ap?s um m?nimo de excentricidade. Foi com base nessa conclus?o que a equipe estima que, abstraindo da contribui??o recente do ser humano para o aumento dos n?veis dos gases de efeito estufa na atmosfera, o pr?ximo per?odo glacial provavelmente come?ar? dentro dos pr?ximos 11.000 anos, ? medida que a obliquidade da Terra declina em dire??o ao seu pr?ximo m?nimo.
Bibliografia:
Artigo: Distinct roles for precession, obliquity and eccentricity in Pleistocene 100kyr glacial cycles
Autores: Stephen Barker, Lorraine E. Lisiecki, Gregor Knorr, Sophie Nuber, Polychronis C. Tzedakis
Revista: Science
Vol.: 387, Issue 6737
DOI: 10.1126/science.adp3491
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